sábado, 8 de agosto de 2009

Motivos de resistência ao Design Inteligente

Por que a comunidade cientifica não aceita entusiasticamente a notável descoberta de que as máquinas biológicas foram planejadas?

Ou, como indaga Michael Behe:

Por que a observação de que houve planejamento só é tocada com luvas de pelica intelectuais?

Em “A Caixa Preta de Darwin”, este professor-adjunto de bioquímica da Universidade Lehig (Pensilvânia, EUA), faz menção de quatro pontos os quais têm servido como obstáculo para que se não aceite o óbvio fato de que houve um planejamento. Antes, porém, ele faz a seguinte ponderação sobre a relevância desta descoberta científica:

“A descoberta se compara às de Newton e Einstein, Lavoisier e Schrödinger, Pasteur e Darwin. A observação de que houve planejamento inteligente da vida é tão importante quanto a observação de que a Terra gira em torno do Sol ou que doenças são causadas por bactérias, ou ainda que a radiação é emitida em uanta. Seria de se esperar que a magnitude da vitória, obtida a um custo tão grande em esforço sustentado no curso de décadas, fizesse rolhas, de champanha espocar em laboratórios em todo o mundo. Esse triunfo da ciência deveria ter arrancado gritos de "Eureka!" de dez mil gargantas, conduzido a muitas palmadinhas nas costas e a outros gestos de congratulações entre colegas e, talvez, justificado um dia de folga. Mas nenhuma garrafa foi aberta, nem houve qualquer outro tipo de comemoração. Em vez disso, um silêncio curioso, constrangido, envolve a complexidade pura da célula” (p. 234, 235).

Bom. Agora vejamos as explicações dadas por Behe acerca dos motivos pelos o chauvinismo científico fecha os olhos para a realidade de um Design Inteligente:

1 - LEALDADE
“Pessoas que dedicam a vida a um trabalho nobre tornam-se, não raro, ferozmente leais a ele. Um diretor de faculdade, por exemplo, talvez dedique todos os seus esforços a fortalecer o estabelecimento, porque educar é um serviço nobre. Um oficial de carreira do exército trabalhará para melhorar sua arma, porque defender o país constitui um objetivo louvável. Às vezes, contudo, lealdade a uma determinada instituição ocasiona conflito de interesses com a finalidade a que ela serve.

O oficial pode lançar suas tropas em combate, de modo que o exército seja creditado pela vitória, mesmo que fosse mais prudente deixar que a força aérea atacasse primeiro o inimigo. O diretor da faculdade poderá, talvez, convencer os deputados de seu estado no Congresso a obter verbas federais para um novo prédio no campus, mesmo que o dinheiro possa prestar melhor serviço à educação em outros lugares.

A ciência é uma atividade nobre capaz de gerar uma feroz lealdade. Tem por finalidade explicar o mundo físico — o que é um trabalho muito sério. Não obstante, outras disciplinas académicas (principalmente filosofia e teologia) também estão no campo da explicação de aspectos do mundo. Embora na maior parte do tempo essas disciplinas não se cruzem, às vezes elas entram em conflito. Quando isso acontece, alguns indivíduos dedicados colocam sua disciplina à frente do objetivo a que ela deveria servir”.

[...]

“Para um participante,da pesquisa, contudo, a conclusão de que houve planejamento pode ser muito inquietante.Pensar que o conhecimento dos mecanismos usados para produzir vida estará para sempre fora de seu alcance é reconhecidamente muito frustrante para numerosos cientistas. Não obstante, temos que tomar cuidado para não permitir que a antipatia por uma teoria nos predisponha contra a interpretação imparcial dos dados.

A lealdade a uma instituição é louvável, mas a pura lealdade não constitui um argumento. Em conjunto, o efeito do chauvinismo científico sobre teorias do desenvolvimento da vida é um importante dado sociológico a levar em contra, embora, em última análise, sua importância intelectual seja nula para a questão do planejamento inteligente” (p. (p. 235-237).

2 - LIÇÃO DA HISTÓRIA
“Encontramos na história a segunda razão da relutância da ciência em lidar com o elefante. Desde o dia em que a teoria da evolução foi proposta, alguns cientistas entraram em choque com teólogos sobre ela. Embora muitos desses teólogos e cientistas pensassem que a evolução darwiniana poderia ser conciliada sem grandes dificuldades com as crenças básicas da maioria das religiões, a publicidade sempre focaliza o conflito.

O tom da discussão provavelmente foi estabelecido de forma definitiva quando o bispo anglicano Samuel Wilberforce debateu com Thomas Henry Huxley, cientista e ardoroso defensor do evolucionismo, cerca de um ano após o lançamento do fecundo livro de Darwin. Está documentado que o bispo—bom teólogo, mas biólogo medíocre — encerrou seu discurso dizendo: "Eu gostaria de saber: É por parte do avô ou da avó que Huxley afirma ser descendente de um macaco?" Huxley murmurou alguma coisa como "O Senhor entregou-o em minhas mãos", e prosseguiu dando à plateia e ao público uma erudita lição de biologia. Ao fim da exposição, declarou que não sabia se era através do avô ou da avó que tinha parentesco com um símio, mas preferia descender de símios do que ser um homem dotado do dom da razão e vê-la usada como o bispo a usara naquele dia. Mulheres desmaiaram, cientistas aplaudiram e repórteres saíram correndo para redigir a manchete: "Guerra entre a ciência e a teologia".

[...]

“Os fatos históricos em torno dos quais cientistas se chocaram com grupos religiosos são autênticos e provocam verdadeiras reações emocionais. Levam algumas pessoas bem intencionadas a pensar que uma zona desmilitarizada deve ser estabelecida entre os dois campos, sem que se permita qualquer confraternização. Tal como o chauvinismo científico, porém, a importância de choques históricos para a compreensão científica profunda do desenvolvimento da vida é quase nula. Não estou alimentando ingenuamente a esperança de que as descobertas da bioquímica possam estar livres das sombras da história, mas, na maior extensão possível, deveriam estar” (p. 237-239).

3 – A REGRA
Citando uma regra elaborada por Richard Dickerson, sobre o porquê a ciência deve utilizar apenas causas naturais como explicação aos eventos naturais. Eis a regra citada por Behe:

Aciência operacional não toma posição sobre a existência ou inexistência do sobrenatural; requer apenas que esse fato não seja utilizado em explicações científicas. Invocar milagres com uma finalidade especial, como explicação, constitui uma forma de "cola" intelectual...”.

E, agora a refutação exemplar do Behe:

“Em seu ensaio, portanto, Dickerson não diz que a prova científica demonstra que o sobrenatural nunca afetou a natureza (aos preocupados com a definição de sobrenatural, aconselhamos que a substituam por "uma inteligência superior"). Em vez disso, ele argumenta que, em princípio, a ciência não deve utilizá-lo. Aimplicação clara é que não deve ser invocado, seja verdadeiro ou não.

[...]

Ele não tem razão a priori para pensar que nada existe além da natureza, mas acha que não constitui boa ciência oferecer o sobrenatural como explicação de um evento natural.

[...]

É importante notar que o argumento de Dickerson não é em si científico — não foi descoberto por experimento de laboratório, não resulta da mistura de elementos químicos em um tubo de ensaio e não constitui uma hipótese acessível a teste. Ao contrário, é filosofia. Pode ser uma boa filosofia, ou talvez não. Vamos examiná-la mais atentamente.

[...]

Dickerson menciona apenas uma regra, a que exclui o sobrenatural. Onde foi que ele a descobriu? Consta de algum livro? É encontrada nos estatutos de sociedades científicas? Não, claro que não. Podemos examinar todos os livros usados para ensino de ciências em todas as principais universidades dos Estados Unidos e não encontraremos a "regra definitiva e definidora". Nem acharemos quaisquer outras regras gerais prescrevendo como a ciência deve ser praticada (com exceção de regras de segurança, exortações à honestidade, e coisas semelhantes).

Não obstante, vamos perguntar: De que maneira a regra de Dickerson ajuda em alguma coisa? Por acaso ela diz quais questões estão além da competência da ciência? Fornece-nos diretrizes para separar a ciência da pseudociência? Oferece uma definição do que é ciência? A resposta a todas essas perguntas é não.

[...]

Na verdade, a regra de Dickerson parece mais um aforismo profissional — tal como "o freguês sempre tem razão", "luz, câmera, ação". São as regras pelas quais os antigos profissionais viveram, aquilo que pensam que funciona e que resume, em curtas palavras, parte da sabedoria que desejam passar à geração profissional mais jovem. Por trás da regra de Dickerson, vemos vagas imagens de vikings atribuindo o trovão e o raio à obra dos deuses, e feiticeiros tentando expulsar espíritos demoníacos de doentes.

Mais perto da ciência moderna, lembramo-nos do próprio Isaac Newton, sugerindo que Deus intervinha ocasionalmente para estabilizar o sistema solar. A preocupação é que se o sobrenatural fosse admitido como explicação, não haveria maneira de deter a tendência — seria invocado com frequência para explicar numerosas coisas que, na realidade, têm explicação natural. Trata-se de um medo razoável?

[...]

“Outra preocupação que talvez esteja por trás do ensaio de Dickerson diz respeito ao "método científico". A formulação de hipóteses, a realização de testes cuidadosos, a replicabilidade— todas essas condições serviram bem à ciência. Mas de que modo um planejador inteligente pode ser submetido a teste? Poderá ele ser posto em um tubo de ensaio? Não, claro que não. E tampouco isso pode ser feito com ancestrais comuns extintos.

O problema é que, em todos os casos em que a ciência tenta explicar um evento histórico excepcional, testes cuidadosos e replicabilidade são, por definição, impossíveis. Aciência pode ser capaz de estudar o movimento de cometas que atualmente aparecem nos céus e submeter a teste as leis da mecânica newtoniana que descrevem o movimento dos cometas. Ela, porém, jamais poderá estudar o cometa que supostamente chocou-se com a terra há milhões de anos. Pode, no entanto, observar os efeitos duradouros dele na Terra moderna. De forma análoga, pode observar os efeitos que um planejador produziu sobre a vida.

A observação final que desejo fazer sobre o argumento de Dickerson é que, embora por certo não fosse essa a sua intenção, ele deu uma receita para a timidez. Tenta restringir a ciência ao máximo da mesma coisa, recusando-se a considerar uma explicação basicamente diferente. Tenta colocar a realidade em uma caixa elegante, mas o universo se recusa a receber esse tratamento. A origem do universo e o aparecimento da vida são os alicerces físicos que resultaram em um mundo cheio de agentes conscientes. Não há razão a priori para pensar que esses eventos básicos devam ser explicados da mesma maneira que outros eventos físicos. A ciência não é um jogo e cientistas devem seguir a prova física, aonde quer que ela leve, sem restrições artificiais” (p. 240-244).

4 - CAÇA-FANTASMAS
“A quarta e mais poderosa razão da relutância da ciência em aceitar uma
teoria de planejamento inteligente baseia-se também em considerações filosóficas. Muitas pessoas, inclusive importantes e renomados cientistas, simplesmente não querem que exista qualquer outra coisa além da natureza. Não querem que um ser sobrenatural afete a natureza, por mais curta ou construtiva que essa intervenção tenha sido. Em outras palavras, tal como os criacionistas da vertente da Terra jovem, eles assumiram um compromisso filosófico a priori com a ciência, que restringe os tipos de explicações que aceitariam sobre o mundo físico.

[...]

Para muitos, a ideia do Big Bang estava carregada de conotações de evento sobrenatural — a criação, os primórdios do universo.

[...]

Não obstante, a despeito de suas implicações religiosas, o Big Bang era uma teoria científica que derivava naturalmente de dados de observação, e não de escrituras sagradas ou visões transcendentais. A maioria dos físicos adotou a teoria do Big Bang e organizou seus programas de pesquisa de acordo com ela. Alguns, como Einstein antes deles, não gostaram das implicações extracientíficas da teoria e esforçaram-se para elaborar alternativas.

[...]

É impossível negar que o Big Bang constituiu um modelo físico imensamente fértil do universo e, embora muitas perguntas importantes permaneçam sem resposta (como sempre acontece na ciência básica), ele foi confirmado por dados de observação. Cientistas como Einstein, Eddington e Hoyle manipularam suas conclusões para resistir a uma teoria científica que derivava naturalmente dos dados, porque pensavam que seriam obrigados a aceitar desagradáveis conclusões filosóficas ou teológicas. Não foram. Eles tinham outras opiniões.

O sucesso do modelo do Big Bang nada teve a ver com suas implicações religiosas. Parecia estar de acordo com o dogma judaico-cristão de um começo do universo, mas ia contra outras religiões que acreditavam que o universo era eterno. A teoria, no entanto, justificava-se com dados baseados em observação—a expansão do universo — e não pela invocação de textos sagrados ou experiências místicas de santos. O modelo procedia diretamente de dados de observação; não se prestava a um leito de Procusto de dogma religioso.

Cabe notar, no entanto, que o Big Bang, embora se harmonize com um ponto de vista religioso, não impõe essa crença. Ninguém precisa, por uma questão de lógica, chegar a qualquer dada conclusão sobrenatural baseado apenas em observações e teorias científicas. Esse fato é visto inicialmente nas tentativas de Einstein e Hoyle de construir modelos alternativos que se ajustariam aos dados de observação e evitariam o pensamento desagradável de que o universo teve um começo.

[...]

Dizer que o universo começou com um Big Bang é uma coisa, mas dizer que a vida foi planejada por uma inteligência é outra bem diferente. As palavras Big Bang em si lembram apenas imagens de uma explosão, e não necessariamente de uma pessoa. A expressão planejamento inteligente parece despertar mais atenção e logo provoca perguntas sobre quem poderia ter sido o planejador. Indivíduos com posições filosóficas firmes contra o sobrenatural serão colocados contra a parede por uma teoria? Não. A imaginação humana é poderosa demais” (p. 245-251).
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Fonte:
Michael Behe. “A Caixa Preta de Darwin”. Tradução: Ruy Jungmann. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 1996.

P.S.:
Eis aí algumas da mais importantes razões porque em vez de rolhas de champanha esbocar em laboratórios em todo o mundo, ter havido um silêncio curioso e constrangido envolvendo à complexidade pura da célua.

É isso!

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