sábado, 8 de agosto de 2009

Desenho Inteligente: O Artista e sua Arte

Em seu livro “O Polegar do Panda” (“The Panda’s Thumb”), o darwinista Stephen Jay Gould, argumentando contra um Design na natureza, afirma que: “Se Deus tivesse projetado uma bela máquina para refletir sua sabedoria e seu poder, certamente não teria usado um conjunto de peças moldadas para outros propósitos” (p. 10).

Segundo ele, “o desenho ideal constitui um mau argumento a favor da evolução, porque imita a ação postulada de um criador onipotente”. E completa: “Arranjos bizarros e soluções engraçadas são a melhor a melhor prova de evolução – sendas que um Deus sensível nunca trilharia, mas que um processo natural, sob o constrangimento da história, obrigatoriamente seguirá” (p. 10).

As palavras “o desenho ideal constitui um mau argumento a favor da evolução, porque imita a ação postulada de um criador onipotente” soa como convite para que se abandone o conceito de design na natureza, algo que sempre fora destacado na literatura sobre biologia. O próprio Richard Dawkins, um dos mais dogmáticos darwinistas, afirmou, em “O Relojoeiro Cego”, que “a biologia é o estudo das coisas complexas que dão a impressão de ter um design intencional" (São Paulo, Companhia das Letras, 2001, p. 18).

Não é à toa que haja tanta fúria e calúnia contra os proponentes do movimento do Design Inteligente!

Bom. A crítica de Gould à idéia de um design na natureza (alías, algo que o próprio Darwin cultivou) baseia-se no errôneo conceito de “imperfeição”. Obviamente pela lógica de Gould, um Designer (Deus, Sobrenatural, Inteligência Superior) não poderia ter construído, por exemplo, o polegar do panda!

“O polegar sesamóideo não conquista nenhum prêmio num desafio entre engenheiros”, diz Gould. E completa: “Mas faz o seu trabalho e aguça mais a nossa imaginação por ser construído em bases tão improváveis” (p. 15).

”Faz se trabalho e aguaça mais a nossa imaginação...” Vamos lá...

Gould, um dos poucos darwinistas pelos quais nutro forte admiração (pessoa sincera e honesta), contradiz-se. Ao mesmo tempo em que se coloca contra o conceito de que o todo pode ser compreendido separadamente em unidades “básicas”, ele mesmo acaba entrando por este caminho. No que diz respeito à estética, diz que o criador do panda não pôde ter pensado na obra completa. Ou seja, cai no mesmo erro freqüentemente repetido pelos darwinistas os quais ele tanto criticava.

Bom, mas o que quero enfatizar neste artigo, é o argumento da "imperfeição" usado pelo opositores da TDI para desmerecê-la cientificamente. Por exemplo:

Por que o Designer Inteligente fez algumas cobras com um dedinho minúsculo rente ao corpo, que não serve para nada?

Por que o Arquiteto fez nascerem apêndices parecidos com pernas em embriões de golfinhos para depois eles desaparecerem no desenvolvimento do bicho?

Em seu livro “A Caixa Preta de Darwin”, o cientista Michael Behe trata desta questão com autoridade de quem sabe o que fala. Diz ele:

“Nas discussões sobre planejamento inteligente, nenhuma objeção é mais repetida do que o argumento baseado na imperfeição, que podemos resumir em curtas palavras: se existe um agente inteligente, que planejou a vida na Terra, então ele seria capaz de criar vida que não tivesse defeito; aliás, ele teria feito isso. Esse argumento parece ter grande apelo popular” (p. 223).

Ele compara este tipo de objeção ao reverso ponto de vista de Diógenes. Ou seja: “se algo não se ajusta à nossa ideia de como devem ser as coisas, então isso é uma prova contra o planejamento” (p. 224).

E continua Behe:

“Outra maneira de reagir à teoria do planejamento inteligente consiste em examinar sistemas biológicos complexos, à procura de erros que nenhum planejador inteligente teria cometido. Uma vez que precisa partir do início, o planejamento inteligente deve gerar organismos projetados de modo tão perfeito quanto possível para as funções que deve desempenhar” (p. 224).

Behe então faz menção do olho (o suposto paradigma de planejamento inteligente) como resposta:

“Já celebramos as virtudes desse órgão extraordinário, mas não consideramos aspectos específicos de seu planejamento, tal como a fiação neural de suas unidades sensíveis à luz. Essas células fotorreceptoras, localizadas na retina, transmitem impulsos a uma série de células interco-nectadas que, no fim, passam a informação às células do nervo óptico, que a leva ao cérebro.
Um planejador inteligente, trabalhando com os componentes dessa fiação, escolheria a orientação que produziria o mais alto grau de qualidade visual. Ninguém, por exemplo, sugeriria que as conexões neurais deveriam ser colocadas em frente às células fotorreceptoras — impedindo, dessa maneira, que a luz a elas chegasse — e não atrás da retina.

Por mais incrível que possa parecer, a retina humana é construída exatamente dessa maneira.
Um defeito mais sério ocorre porque a fiação neural deve penetrar diretamente através da parede da retina para conduzir ao cérebro os impul¬sos nervosos produzidos pelas células fotorreceptoras. O resultado disso é um ponto cego na retina — uma região em que milhares de células condutoras de impulsos empurram para o lado as células sensitivas...

Behe então aponta os principais problemas deste tipo de argumento:

1. EXIGÊNCIA DE PERFEIÇÃO ABSOLUTA
“O problema mais sério é que o argumento exige perfeição absoluta. É claro que planejadores que têm capacidade de produzir melhores planos não fazem isso sempre. Na indústria de transformação, por exemplo, a "obsolescência inerente" não é rara — um produto é produzido intencio¬nalmente de maneira a não durar tanto tempo quanto poderia, por razões que suplantam o objetivo simples de obter excelência em engenharia. Outro exemplo é de natureza pessoal: não dou a meus filhos os melhores e mais sofisticados brinquedos porque não quero mimá-los e porque desejo que eles aprendam o valor do dinheiro.”

O argumento baseado na imperfeição ignora a possibilidade de que o planejador possa ter numerosos motivos, e, muitas vezes, a excelência em engenharia ocupa um papel secundário. A maioria das pessoas ao longo da história tem pensado que a vida é planejada, a despeito de doença, morte e outras imperfeições óbvias” (p. 225).

2. CONHECIMNTO DA PSÍQUICA DO PLANEJADOR
“Outro problema com o argumento da imperfeição é que ele depende de uma análise psíquica do planejador desconhecido. Não obstante, as razões por que um planejador faria ou deixaria de fazer alguma coisa são quase impossíveis de conhecer, a menos que ele nos diga especificamente quais foram. Basta visitar uma galeria de arte moderna para ver objetos planejados cujas finalidades são inteiramente obscuras (para mim, pelo menos).

Aspectos que nos parecem estranhos em um desenho podem ter sido nele colocados, por alguma razão, pelo planejador — por razões artísticas, para obter variedade, para se exibir, por algum objetivo prático ainda não percebido, ou por alguma razão inimaginável — ou talvez não. Podem parecer estranhos, mas talvez tenham sido, mesmo assim, projetados por uma inteligência. O importante do ponto de vista do interesse científico não é o estado mental do planejador, mas se podemos ou não detectar o plano.

Ao discutir por que alienígenas em outros planetas poderiam construir estruturas artificiais que poderíamos observar da Terra, o físico Freeman Dyson escreveu:

Não preciso discutir a questão da motivação, isto é, quem desejaria fazer essas coisas e por quê. Por que a espécie humana explode bombas de hidrogénio ou envia foguetes à Lua? É difícil saber exatamente por quê.”

3. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DO PLANEJADOR
“O problema seguinte é que os proponentes do argumento da imperfeição usam com frequência sua avaliação psicológica do planejador como prova categórica de evolução não-dirigida. Esse raciocínio poderia ser transcrito na forma de silogismo:

1. Um planejador teria construído o olho dos vertebrados sem um ponto cego.
2. O olho dos vertebrados tem um ponto cego.
3. Por conseguinte, a evolução darwiniana produziu o olho.

Para raciocínios como esse é que foi inventada a expressão non sequitur. A literatura científica não contém evidências de que a seleção natural, trabalhando sobre mutações, possa produzir um olho com um ponto cego, outro sem esse ponto, pálpebra, lente, retina, rodopsina ou retinal” (p. 226).

4. COISAS “SEM UTILIDADE”: ÓRGÃOS VESTIGIAIS
“Há uma subcategoria de argumento, do tipo nenhum-planejador-teria-fei-to-isso-dessa-maneira, que requer uma resposta diferente. Em vez de dizer que uma estrutura útil contém defeitos que não deviam ter sido tolerados, o autor menciona algum aspecto que aparentemente não tem uso algum.

Não raro, o aspecto lembra alguma coisa que é efetivamcnte usada em outras espécies e, portanto, parece ser algo que foi de fato usado em algum tempo, mas que, em seguida, perdeu sua função.

Órgãos vestigiais desempenham um papel importante nesse argumento. O biólogo evolucionista Douglas Futuyma, por exemplo, cita os "olhos rudimentares de animais de cavernas, as pernas minúsculas, inúteis, de muito lagartos com características de serpentes, e vestígios de pélvis em pítons", como prova de que ocorreu evolução.

“O argumento não convence por três razões. Em primeiro lugar, o fato de não termos ainda descoberto um uso para uma determinada estrutura não implica que esse uso não exista. As amígdalas foram outrora consideradas órgãos inúteis, embora uma função importante na imunidade tenha sido descoberta para elas. A pélvis da píton poderia estar fazendo alguma coisa útil que ignoramos.

Esse argumento aplica-se também em escala molecular: os pseudogenes da hemoglobina e outros pseudogenes, embora não sejam usados para fabricar proteínas, talvez sejam utilizados para outras coisas que ainda não sabemos quais são. Alguns usos potenciais que me acorrem à mente enquanto me encontro aqui à escrivaninha incluem ligar-se a genesb ativos de hemoglobina durante a replicação do ADN, a fim de estabilizá-los; orientar recombinações de eventos ligados ao ADN; e alinhar fatores de proteína relativos a genes ativos. Pouco importa se estas são funções concretas dos pseudogenes da hemoglobina” (p. 227, 228).

“A segunda razão por que... mesmo que os pseudogenes não tivessem função, a evolução nunca "explicou" como eles surgiram. Até para que uma pseudocópia de um gene seja fabricada, dezenas de proteínas sofisticadas são necessárias: separar dois fios de ADN, colocar a maquinaria de cópia no lugar certo, costurar os nucleotídeos em uma corrente, voltar a inserir a pseudocópia no ADN, e muito mais.

Pessoas como Douglas Futuyma, que cita órgãos vestigiais como prova da evolução, enfrentam o mesmo problema. Para começar, Futuyma jamais explica como se desenvolveram uma pélvis e um olho concretos de modo a dar origem mais tarde a um órgão vestigial. E tanto o órgão funcional como o vestigial precisam de explicação”.

“Argumentos baseados em falhas percebidas ou em genes e órgãos vestigiais correm o mesmo perigo do argumento de Diógenes, de que a progressão das estações demonstra planejamento inteligente. Cientificamente, é inválido fazer suposições sobre as maneiras como as coisas deveriam ser” (p. 228).

A terceira razão.. tem origem na confusão entre duas ideias separadas — a teoria de que a vida foi inteligentemente planejada e a teoria de que a Terra é jovem.

A conclusão de que alguns aspectos da vida foram planejados pode ser tomada na ausência de prova sobre quando ocorreu o planejamento. Uma criança que olha para as faces esculpidas no monte Hushmorc percebe de imediato que elas foram planejadas, mas talvez não lenha ideia sobre sua história. Tanto quanto sabe, elas poderiam ter sido planejadas um dia antes de sua chegada ali, ou datados nos primórdios dos tempos. Um museu de arte pode exibir uma estátua de um gato de bronze iilcgadamente esculpida no Egito há milhares de anos — até ela ser examinada por métodos de tecnologia avançada e se demonstrar que se trata de uma falsificação moderna. Em ambos os casos, o gato de bronze certamente foram planejado por um agente inteligente” (p. 229 - BEHE, Michael J. “A Caixa Preta de Darwin”, Rio de Janeiro, Zahar, 1997).

Pessoalmente, quando questionado sobre este tipo de assunto, gosto de usar os exemplos dos artistas e de suas obras. Por exemplo, a belíssima obra "O Grito", de Edvard Munch, foi considerada pelo regime nazista de Hitler como exemplo de arte degenerada e imperfeita. E por que será que os nazistas a viam desta forma?
Simplesmente porque ela não se enquadrava no modelo de “arte perfeita” dos arianos! Ou seja, é o reverso do velho argumento de Diógenes: “se algo não se ajusta à nossa ideia de como devem ser as coisas, então isso é uma prova contra o planejamento”.

A par disto, pergunto ainda:

Por que certos romances (ou filmes) não têm o fim que tanto almejamos que tivessem?

Por que Machado de Assis "matou" Capitu? Eu preferiria que ela vivesse e que tivesse morrido o falso Bentinho.

Por que Shakespeare “levou ao túmulo” Romeu e Julieta?

Por que Leonardo da Vinci pintou Monalisa com aquele enigmático sorriso?

Por que a estátua da liberdade tem 46,5 metros de altura, e não 47,6?


É isso!

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