sábado, 8 de agosto de 2009

Design Inteligente não é Criacionismo

É muito comum, principalmente na mídia, rotular a Teoria do Desenho Inteligente (Tedeísmo) de Criacionismo, Neocriacionismo, Criacionismo disfarçado etc. Todavia, quem se presta a analisar ambas as propostas concluirá sem muito esforço que se trata de visões um tanto distintas. Na verdade, como o Desenho Inteligente faz uso de argumentos científicos (por exemplo, a questão da complexidade dos sistemas moleculares) é propositalmente rotulado de Criacionismo como uma forma de associá-lo à religião, buscando assim descartá-lo da discussão científica.

Sobre este assunto, Enézio E. de Almeida Filho (coordenador do NBDI - Núcleo Brasileiro de Design Inteligente) cita algumas razões porque o Design Inteligente não é mesma cousa que criacionismo. Vejamos:

"Criacionismo de Design Inteligente" não é rótulo neutro: é termo pejorativo, polêmico, inventado por alguns darwinistas para atacar o Design Inteligente por razões retóricas. Cientistas que apóiam o Design Inteligente não se descrevem como 'criacionistas de design inteligente' nem consideram a Teoria do Design Inteligente como criacionismo. O termo 'criacionismo de design inteligente' é inexato, inapropriado e tendencioso, especialmente de cientistas e jornalistas que estão tentando ser imparciais. "Teoria do Design Inteligente" é a descrição neutra da teoria.
A Teoria do Design Inteligente é baseada na ciência e não em textos sagrados.

O criacionismo defende a leitura literal da criação no livro de Gênesis pelo Deus da Bíblia há 6.000 anos atrás. A Teoria do Design Inteligente é agnóstica em relação à origem do design e não defende nenhum texto sagrado. A Teoria do Design Inteligente é um esforço de detectar empiricamente se o 'design aparente' observado pelos biólogos na Natureza é design genuíno (produto de uma inteligência organizadora) ou produto do acaso, necessidade e leis mecânicas naturais.

Detectar design na natureza vem sendo adotado por vários cientistas em renomadas faculdades e universidades americanas: Michael Behe, bioquímico da Lehigh University, Scott Minnich, microbiologista da University of Idaho e o matemático William Dembski na Baylor University entre muitos outros.

Os criacionistas sabem: a Teoria do Design Inteligente não é criacionismo. Dois grupos criacionistas importantes, Answers in Genesis Ministries - AIG e o Institute for Creation Research - ICR criticaram o Movimento de Design Inteligente (MDI) porque a Teoria do Design Inteligente não defende o relato bíblico de criação.

Como o darwinismo, a Teoria do Design Inteligente pode ter implicações religiosas, mas são distintas de seu programa científico. A Teoria do Design Inteligente, como o Big Bang, pode ter implicações em áreas fora da ciência (teologia, ética e filosofia), mas distintas do Design Inteligente como programa de pesquisa científica. Nesta questão, a Teoria do Design Inteligente não difere da Teoria da Evolução.

Darwinistas importantes tiram implicações teológicas e culturais da teoria da evolução. Richard Dawkins, da Oxford University, afirmou que 'só depois de Darwin é possível ser um ateu intelectualmente satisfeito'. E. O. Wilson, de Harvard, emprega a biologia darwinista para desconstruir a religião e as ciências humanas”.

É isso!

Desenho Inteligente: O Artista e sua Arte

Em seu livro “O Polegar do Panda” (“The Panda’s Thumb”), o darwinista Stephen Jay Gould, argumentando contra um Design na natureza, afirma que: “Se Deus tivesse projetado uma bela máquina para refletir sua sabedoria e seu poder, certamente não teria usado um conjunto de peças moldadas para outros propósitos” (p. 10).

Segundo ele, “o desenho ideal constitui um mau argumento a favor da evolução, porque imita a ação postulada de um criador onipotente”. E completa: “Arranjos bizarros e soluções engraçadas são a melhor a melhor prova de evolução – sendas que um Deus sensível nunca trilharia, mas que um processo natural, sob o constrangimento da história, obrigatoriamente seguirá” (p. 10).

As palavras “o desenho ideal constitui um mau argumento a favor da evolução, porque imita a ação postulada de um criador onipotente” soa como convite para que se abandone o conceito de design na natureza, algo que sempre fora destacado na literatura sobre biologia. O próprio Richard Dawkins, um dos mais dogmáticos darwinistas, afirmou, em “O Relojoeiro Cego”, que “a biologia é o estudo das coisas complexas que dão a impressão de ter um design intencional" (São Paulo, Companhia das Letras, 2001, p. 18).

Não é à toa que haja tanta fúria e calúnia contra os proponentes do movimento do Design Inteligente!

Bom. A crítica de Gould à idéia de um design na natureza (alías, algo que o próprio Darwin cultivou) baseia-se no errôneo conceito de “imperfeição”. Obviamente pela lógica de Gould, um Designer (Deus, Sobrenatural, Inteligência Superior) não poderia ter construído, por exemplo, o polegar do panda!

“O polegar sesamóideo não conquista nenhum prêmio num desafio entre engenheiros”, diz Gould. E completa: “Mas faz o seu trabalho e aguça mais a nossa imaginação por ser construído em bases tão improváveis” (p. 15).

”Faz se trabalho e aguaça mais a nossa imaginação...” Vamos lá...

Gould, um dos poucos darwinistas pelos quais nutro forte admiração (pessoa sincera e honesta), contradiz-se. Ao mesmo tempo em que se coloca contra o conceito de que o todo pode ser compreendido separadamente em unidades “básicas”, ele mesmo acaba entrando por este caminho. No que diz respeito à estética, diz que o criador do panda não pôde ter pensado na obra completa. Ou seja, cai no mesmo erro freqüentemente repetido pelos darwinistas os quais ele tanto criticava.

Bom, mas o que quero enfatizar neste artigo, é o argumento da "imperfeição" usado pelo opositores da TDI para desmerecê-la cientificamente. Por exemplo:

Por que o Designer Inteligente fez algumas cobras com um dedinho minúsculo rente ao corpo, que não serve para nada?

Por que o Arquiteto fez nascerem apêndices parecidos com pernas em embriões de golfinhos para depois eles desaparecerem no desenvolvimento do bicho?

Em seu livro “A Caixa Preta de Darwin”, o cientista Michael Behe trata desta questão com autoridade de quem sabe o que fala. Diz ele:

“Nas discussões sobre planejamento inteligente, nenhuma objeção é mais repetida do que o argumento baseado na imperfeição, que podemos resumir em curtas palavras: se existe um agente inteligente, que planejou a vida na Terra, então ele seria capaz de criar vida que não tivesse defeito; aliás, ele teria feito isso. Esse argumento parece ter grande apelo popular” (p. 223).

Ele compara este tipo de objeção ao reverso ponto de vista de Diógenes. Ou seja: “se algo não se ajusta à nossa ideia de como devem ser as coisas, então isso é uma prova contra o planejamento” (p. 224).

E continua Behe:

“Outra maneira de reagir à teoria do planejamento inteligente consiste em examinar sistemas biológicos complexos, à procura de erros que nenhum planejador inteligente teria cometido. Uma vez que precisa partir do início, o planejamento inteligente deve gerar organismos projetados de modo tão perfeito quanto possível para as funções que deve desempenhar” (p. 224).

Behe então faz menção do olho (o suposto paradigma de planejamento inteligente) como resposta:

“Já celebramos as virtudes desse órgão extraordinário, mas não consideramos aspectos específicos de seu planejamento, tal como a fiação neural de suas unidades sensíveis à luz. Essas células fotorreceptoras, localizadas na retina, transmitem impulsos a uma série de células interco-nectadas que, no fim, passam a informação às células do nervo óptico, que a leva ao cérebro.
Um planejador inteligente, trabalhando com os componentes dessa fiação, escolheria a orientação que produziria o mais alto grau de qualidade visual. Ninguém, por exemplo, sugeriria que as conexões neurais deveriam ser colocadas em frente às células fotorreceptoras — impedindo, dessa maneira, que a luz a elas chegasse — e não atrás da retina.

Por mais incrível que possa parecer, a retina humana é construída exatamente dessa maneira.
Um defeito mais sério ocorre porque a fiação neural deve penetrar diretamente através da parede da retina para conduzir ao cérebro os impul¬sos nervosos produzidos pelas células fotorreceptoras. O resultado disso é um ponto cego na retina — uma região em que milhares de células condutoras de impulsos empurram para o lado as células sensitivas...

Behe então aponta os principais problemas deste tipo de argumento:

1. EXIGÊNCIA DE PERFEIÇÃO ABSOLUTA
“O problema mais sério é que o argumento exige perfeição absoluta. É claro que planejadores que têm capacidade de produzir melhores planos não fazem isso sempre. Na indústria de transformação, por exemplo, a "obsolescência inerente" não é rara — um produto é produzido intencio¬nalmente de maneira a não durar tanto tempo quanto poderia, por razões que suplantam o objetivo simples de obter excelência em engenharia. Outro exemplo é de natureza pessoal: não dou a meus filhos os melhores e mais sofisticados brinquedos porque não quero mimá-los e porque desejo que eles aprendam o valor do dinheiro.”

O argumento baseado na imperfeição ignora a possibilidade de que o planejador possa ter numerosos motivos, e, muitas vezes, a excelência em engenharia ocupa um papel secundário. A maioria das pessoas ao longo da história tem pensado que a vida é planejada, a despeito de doença, morte e outras imperfeições óbvias” (p. 225).

2. CONHECIMNTO DA PSÍQUICA DO PLANEJADOR
“Outro problema com o argumento da imperfeição é que ele depende de uma análise psíquica do planejador desconhecido. Não obstante, as razões por que um planejador faria ou deixaria de fazer alguma coisa são quase impossíveis de conhecer, a menos que ele nos diga especificamente quais foram. Basta visitar uma galeria de arte moderna para ver objetos planejados cujas finalidades são inteiramente obscuras (para mim, pelo menos).

Aspectos que nos parecem estranhos em um desenho podem ter sido nele colocados, por alguma razão, pelo planejador — por razões artísticas, para obter variedade, para se exibir, por algum objetivo prático ainda não percebido, ou por alguma razão inimaginável — ou talvez não. Podem parecer estranhos, mas talvez tenham sido, mesmo assim, projetados por uma inteligência. O importante do ponto de vista do interesse científico não é o estado mental do planejador, mas se podemos ou não detectar o plano.

Ao discutir por que alienígenas em outros planetas poderiam construir estruturas artificiais que poderíamos observar da Terra, o físico Freeman Dyson escreveu:

Não preciso discutir a questão da motivação, isto é, quem desejaria fazer essas coisas e por quê. Por que a espécie humana explode bombas de hidrogénio ou envia foguetes à Lua? É difícil saber exatamente por quê.”

3. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DO PLANEJADOR
“O problema seguinte é que os proponentes do argumento da imperfeição usam com frequência sua avaliação psicológica do planejador como prova categórica de evolução não-dirigida. Esse raciocínio poderia ser transcrito na forma de silogismo:

1. Um planejador teria construído o olho dos vertebrados sem um ponto cego.
2. O olho dos vertebrados tem um ponto cego.
3. Por conseguinte, a evolução darwiniana produziu o olho.

Para raciocínios como esse é que foi inventada a expressão non sequitur. A literatura científica não contém evidências de que a seleção natural, trabalhando sobre mutações, possa produzir um olho com um ponto cego, outro sem esse ponto, pálpebra, lente, retina, rodopsina ou retinal” (p. 226).

4. COISAS “SEM UTILIDADE”: ÓRGÃOS VESTIGIAIS
“Há uma subcategoria de argumento, do tipo nenhum-planejador-teria-fei-to-isso-dessa-maneira, que requer uma resposta diferente. Em vez de dizer que uma estrutura útil contém defeitos que não deviam ter sido tolerados, o autor menciona algum aspecto que aparentemente não tem uso algum.

Não raro, o aspecto lembra alguma coisa que é efetivamcnte usada em outras espécies e, portanto, parece ser algo que foi de fato usado em algum tempo, mas que, em seguida, perdeu sua função.

Órgãos vestigiais desempenham um papel importante nesse argumento. O biólogo evolucionista Douglas Futuyma, por exemplo, cita os "olhos rudimentares de animais de cavernas, as pernas minúsculas, inúteis, de muito lagartos com características de serpentes, e vestígios de pélvis em pítons", como prova de que ocorreu evolução.

“O argumento não convence por três razões. Em primeiro lugar, o fato de não termos ainda descoberto um uso para uma determinada estrutura não implica que esse uso não exista. As amígdalas foram outrora consideradas órgãos inúteis, embora uma função importante na imunidade tenha sido descoberta para elas. A pélvis da píton poderia estar fazendo alguma coisa útil que ignoramos.

Esse argumento aplica-se também em escala molecular: os pseudogenes da hemoglobina e outros pseudogenes, embora não sejam usados para fabricar proteínas, talvez sejam utilizados para outras coisas que ainda não sabemos quais são. Alguns usos potenciais que me acorrem à mente enquanto me encontro aqui à escrivaninha incluem ligar-se a genesb ativos de hemoglobina durante a replicação do ADN, a fim de estabilizá-los; orientar recombinações de eventos ligados ao ADN; e alinhar fatores de proteína relativos a genes ativos. Pouco importa se estas são funções concretas dos pseudogenes da hemoglobina” (p. 227, 228).

“A segunda razão por que... mesmo que os pseudogenes não tivessem função, a evolução nunca "explicou" como eles surgiram. Até para que uma pseudocópia de um gene seja fabricada, dezenas de proteínas sofisticadas são necessárias: separar dois fios de ADN, colocar a maquinaria de cópia no lugar certo, costurar os nucleotídeos em uma corrente, voltar a inserir a pseudocópia no ADN, e muito mais.

Pessoas como Douglas Futuyma, que cita órgãos vestigiais como prova da evolução, enfrentam o mesmo problema. Para começar, Futuyma jamais explica como se desenvolveram uma pélvis e um olho concretos de modo a dar origem mais tarde a um órgão vestigial. E tanto o órgão funcional como o vestigial precisam de explicação”.

“Argumentos baseados em falhas percebidas ou em genes e órgãos vestigiais correm o mesmo perigo do argumento de Diógenes, de que a progressão das estações demonstra planejamento inteligente. Cientificamente, é inválido fazer suposições sobre as maneiras como as coisas deveriam ser” (p. 228).

A terceira razão.. tem origem na confusão entre duas ideias separadas — a teoria de que a vida foi inteligentemente planejada e a teoria de que a Terra é jovem.

A conclusão de que alguns aspectos da vida foram planejados pode ser tomada na ausência de prova sobre quando ocorreu o planejamento. Uma criança que olha para as faces esculpidas no monte Hushmorc percebe de imediato que elas foram planejadas, mas talvez não lenha ideia sobre sua história. Tanto quanto sabe, elas poderiam ter sido planejadas um dia antes de sua chegada ali, ou datados nos primórdios dos tempos. Um museu de arte pode exibir uma estátua de um gato de bronze iilcgadamente esculpida no Egito há milhares de anos — até ela ser examinada por métodos de tecnologia avançada e se demonstrar que se trata de uma falsificação moderna. Em ambos os casos, o gato de bronze certamente foram planejado por um agente inteligente” (p. 229 - BEHE, Michael J. “A Caixa Preta de Darwin”, Rio de Janeiro, Zahar, 1997).

Pessoalmente, quando questionado sobre este tipo de assunto, gosto de usar os exemplos dos artistas e de suas obras. Por exemplo, a belíssima obra "O Grito", de Edvard Munch, foi considerada pelo regime nazista de Hitler como exemplo de arte degenerada e imperfeita. E por que será que os nazistas a viam desta forma?
Simplesmente porque ela não se enquadrava no modelo de “arte perfeita” dos arianos! Ou seja, é o reverso do velho argumento de Diógenes: “se algo não se ajusta à nossa ideia de como devem ser as coisas, então isso é uma prova contra o planejamento”.

A par disto, pergunto ainda:

Por que certos romances (ou filmes) não têm o fim que tanto almejamos que tivessem?

Por que Machado de Assis "matou" Capitu? Eu preferiria que ela vivesse e que tivesse morrido o falso Bentinho.

Por que Shakespeare “levou ao túmulo” Romeu e Julieta?

Por que Leonardo da Vinci pintou Monalisa com aquele enigmático sorriso?

Por que a estátua da liberdade tem 46,5 metros de altura, e não 47,6?


É isso!

Motivos de resistência ao Design Inteligente

Por que a comunidade cientifica não aceita entusiasticamente a notável descoberta de que as máquinas biológicas foram planejadas?

Ou, como indaga Michael Behe:

Por que a observação de que houve planejamento só é tocada com luvas de pelica intelectuais?

Em “A Caixa Preta de Darwin”, este professor-adjunto de bioquímica da Universidade Lehig (Pensilvânia, EUA), faz menção de quatro pontos os quais têm servido como obstáculo para que se não aceite o óbvio fato de que houve um planejamento. Antes, porém, ele faz a seguinte ponderação sobre a relevância desta descoberta científica:

“A descoberta se compara às de Newton e Einstein, Lavoisier e Schrödinger, Pasteur e Darwin. A observação de que houve planejamento inteligente da vida é tão importante quanto a observação de que a Terra gira em torno do Sol ou que doenças são causadas por bactérias, ou ainda que a radiação é emitida em uanta. Seria de se esperar que a magnitude da vitória, obtida a um custo tão grande em esforço sustentado no curso de décadas, fizesse rolhas, de champanha espocar em laboratórios em todo o mundo. Esse triunfo da ciência deveria ter arrancado gritos de "Eureka!" de dez mil gargantas, conduzido a muitas palmadinhas nas costas e a outros gestos de congratulações entre colegas e, talvez, justificado um dia de folga. Mas nenhuma garrafa foi aberta, nem houve qualquer outro tipo de comemoração. Em vez disso, um silêncio curioso, constrangido, envolve a complexidade pura da célula” (p. 234, 235).

Bom. Agora vejamos as explicações dadas por Behe acerca dos motivos pelos o chauvinismo científico fecha os olhos para a realidade de um Design Inteligente:

1 - LEALDADE
“Pessoas que dedicam a vida a um trabalho nobre tornam-se, não raro, ferozmente leais a ele. Um diretor de faculdade, por exemplo, talvez dedique todos os seus esforços a fortalecer o estabelecimento, porque educar é um serviço nobre. Um oficial de carreira do exército trabalhará para melhorar sua arma, porque defender o país constitui um objetivo louvável. Às vezes, contudo, lealdade a uma determinada instituição ocasiona conflito de interesses com a finalidade a que ela serve.

O oficial pode lançar suas tropas em combate, de modo que o exército seja creditado pela vitória, mesmo que fosse mais prudente deixar que a força aérea atacasse primeiro o inimigo. O diretor da faculdade poderá, talvez, convencer os deputados de seu estado no Congresso a obter verbas federais para um novo prédio no campus, mesmo que o dinheiro possa prestar melhor serviço à educação em outros lugares.

A ciência é uma atividade nobre capaz de gerar uma feroz lealdade. Tem por finalidade explicar o mundo físico — o que é um trabalho muito sério. Não obstante, outras disciplinas académicas (principalmente filosofia e teologia) também estão no campo da explicação de aspectos do mundo. Embora na maior parte do tempo essas disciplinas não se cruzem, às vezes elas entram em conflito. Quando isso acontece, alguns indivíduos dedicados colocam sua disciplina à frente do objetivo a que ela deveria servir”.

[...]

“Para um participante,da pesquisa, contudo, a conclusão de que houve planejamento pode ser muito inquietante.Pensar que o conhecimento dos mecanismos usados para produzir vida estará para sempre fora de seu alcance é reconhecidamente muito frustrante para numerosos cientistas. Não obstante, temos que tomar cuidado para não permitir que a antipatia por uma teoria nos predisponha contra a interpretação imparcial dos dados.

A lealdade a uma instituição é louvável, mas a pura lealdade não constitui um argumento. Em conjunto, o efeito do chauvinismo científico sobre teorias do desenvolvimento da vida é um importante dado sociológico a levar em contra, embora, em última análise, sua importância intelectual seja nula para a questão do planejamento inteligente” (p. (p. 235-237).

2 - LIÇÃO DA HISTÓRIA
“Encontramos na história a segunda razão da relutância da ciência em lidar com o elefante. Desde o dia em que a teoria da evolução foi proposta, alguns cientistas entraram em choque com teólogos sobre ela. Embora muitos desses teólogos e cientistas pensassem que a evolução darwiniana poderia ser conciliada sem grandes dificuldades com as crenças básicas da maioria das religiões, a publicidade sempre focaliza o conflito.

O tom da discussão provavelmente foi estabelecido de forma definitiva quando o bispo anglicano Samuel Wilberforce debateu com Thomas Henry Huxley, cientista e ardoroso defensor do evolucionismo, cerca de um ano após o lançamento do fecundo livro de Darwin. Está documentado que o bispo—bom teólogo, mas biólogo medíocre — encerrou seu discurso dizendo: "Eu gostaria de saber: É por parte do avô ou da avó que Huxley afirma ser descendente de um macaco?" Huxley murmurou alguma coisa como "O Senhor entregou-o em minhas mãos", e prosseguiu dando à plateia e ao público uma erudita lição de biologia. Ao fim da exposição, declarou que não sabia se era através do avô ou da avó que tinha parentesco com um símio, mas preferia descender de símios do que ser um homem dotado do dom da razão e vê-la usada como o bispo a usara naquele dia. Mulheres desmaiaram, cientistas aplaudiram e repórteres saíram correndo para redigir a manchete: "Guerra entre a ciência e a teologia".

[...]

“Os fatos históricos em torno dos quais cientistas se chocaram com grupos religiosos são autênticos e provocam verdadeiras reações emocionais. Levam algumas pessoas bem intencionadas a pensar que uma zona desmilitarizada deve ser estabelecida entre os dois campos, sem que se permita qualquer confraternização. Tal como o chauvinismo científico, porém, a importância de choques históricos para a compreensão científica profunda do desenvolvimento da vida é quase nula. Não estou alimentando ingenuamente a esperança de que as descobertas da bioquímica possam estar livres das sombras da história, mas, na maior extensão possível, deveriam estar” (p. 237-239).

3 – A REGRA
Citando uma regra elaborada por Richard Dickerson, sobre o porquê a ciência deve utilizar apenas causas naturais como explicação aos eventos naturais. Eis a regra citada por Behe:

Aciência operacional não toma posição sobre a existência ou inexistência do sobrenatural; requer apenas que esse fato não seja utilizado em explicações científicas. Invocar milagres com uma finalidade especial, como explicação, constitui uma forma de "cola" intelectual...”.

E, agora a refutação exemplar do Behe:

“Em seu ensaio, portanto, Dickerson não diz que a prova científica demonstra que o sobrenatural nunca afetou a natureza (aos preocupados com a definição de sobrenatural, aconselhamos que a substituam por "uma inteligência superior"). Em vez disso, ele argumenta que, em princípio, a ciência não deve utilizá-lo. Aimplicação clara é que não deve ser invocado, seja verdadeiro ou não.

[...]

Ele não tem razão a priori para pensar que nada existe além da natureza, mas acha que não constitui boa ciência oferecer o sobrenatural como explicação de um evento natural.

[...]

É importante notar que o argumento de Dickerson não é em si científico — não foi descoberto por experimento de laboratório, não resulta da mistura de elementos químicos em um tubo de ensaio e não constitui uma hipótese acessível a teste. Ao contrário, é filosofia. Pode ser uma boa filosofia, ou talvez não. Vamos examiná-la mais atentamente.

[...]

Dickerson menciona apenas uma regra, a que exclui o sobrenatural. Onde foi que ele a descobriu? Consta de algum livro? É encontrada nos estatutos de sociedades científicas? Não, claro que não. Podemos examinar todos os livros usados para ensino de ciências em todas as principais universidades dos Estados Unidos e não encontraremos a "regra definitiva e definidora". Nem acharemos quaisquer outras regras gerais prescrevendo como a ciência deve ser praticada (com exceção de regras de segurança, exortações à honestidade, e coisas semelhantes).

Não obstante, vamos perguntar: De que maneira a regra de Dickerson ajuda em alguma coisa? Por acaso ela diz quais questões estão além da competência da ciência? Fornece-nos diretrizes para separar a ciência da pseudociência? Oferece uma definição do que é ciência? A resposta a todas essas perguntas é não.

[...]

Na verdade, a regra de Dickerson parece mais um aforismo profissional — tal como "o freguês sempre tem razão", "luz, câmera, ação". São as regras pelas quais os antigos profissionais viveram, aquilo que pensam que funciona e que resume, em curtas palavras, parte da sabedoria que desejam passar à geração profissional mais jovem. Por trás da regra de Dickerson, vemos vagas imagens de vikings atribuindo o trovão e o raio à obra dos deuses, e feiticeiros tentando expulsar espíritos demoníacos de doentes.

Mais perto da ciência moderna, lembramo-nos do próprio Isaac Newton, sugerindo que Deus intervinha ocasionalmente para estabilizar o sistema solar. A preocupação é que se o sobrenatural fosse admitido como explicação, não haveria maneira de deter a tendência — seria invocado com frequência para explicar numerosas coisas que, na realidade, têm explicação natural. Trata-se de um medo razoável?

[...]

“Outra preocupação que talvez esteja por trás do ensaio de Dickerson diz respeito ao "método científico". A formulação de hipóteses, a realização de testes cuidadosos, a replicabilidade— todas essas condições serviram bem à ciência. Mas de que modo um planejador inteligente pode ser submetido a teste? Poderá ele ser posto em um tubo de ensaio? Não, claro que não. E tampouco isso pode ser feito com ancestrais comuns extintos.

O problema é que, em todos os casos em que a ciência tenta explicar um evento histórico excepcional, testes cuidadosos e replicabilidade são, por definição, impossíveis. Aciência pode ser capaz de estudar o movimento de cometas que atualmente aparecem nos céus e submeter a teste as leis da mecânica newtoniana que descrevem o movimento dos cometas. Ela, porém, jamais poderá estudar o cometa que supostamente chocou-se com a terra há milhões de anos. Pode, no entanto, observar os efeitos duradouros dele na Terra moderna. De forma análoga, pode observar os efeitos que um planejador produziu sobre a vida.

A observação final que desejo fazer sobre o argumento de Dickerson é que, embora por certo não fosse essa a sua intenção, ele deu uma receita para a timidez. Tenta restringir a ciência ao máximo da mesma coisa, recusando-se a considerar uma explicação basicamente diferente. Tenta colocar a realidade em uma caixa elegante, mas o universo se recusa a receber esse tratamento. A origem do universo e o aparecimento da vida são os alicerces físicos que resultaram em um mundo cheio de agentes conscientes. Não há razão a priori para pensar que esses eventos básicos devam ser explicados da mesma maneira que outros eventos físicos. A ciência não é um jogo e cientistas devem seguir a prova física, aonde quer que ela leve, sem restrições artificiais” (p. 240-244).

4 - CAÇA-FANTASMAS
“A quarta e mais poderosa razão da relutância da ciência em aceitar uma
teoria de planejamento inteligente baseia-se também em considerações filosóficas. Muitas pessoas, inclusive importantes e renomados cientistas, simplesmente não querem que exista qualquer outra coisa além da natureza. Não querem que um ser sobrenatural afete a natureza, por mais curta ou construtiva que essa intervenção tenha sido. Em outras palavras, tal como os criacionistas da vertente da Terra jovem, eles assumiram um compromisso filosófico a priori com a ciência, que restringe os tipos de explicações que aceitariam sobre o mundo físico.

[...]

Para muitos, a ideia do Big Bang estava carregada de conotações de evento sobrenatural — a criação, os primórdios do universo.

[...]

Não obstante, a despeito de suas implicações religiosas, o Big Bang era uma teoria científica que derivava naturalmente de dados de observação, e não de escrituras sagradas ou visões transcendentais. A maioria dos físicos adotou a teoria do Big Bang e organizou seus programas de pesquisa de acordo com ela. Alguns, como Einstein antes deles, não gostaram das implicações extracientíficas da teoria e esforçaram-se para elaborar alternativas.

[...]

É impossível negar que o Big Bang constituiu um modelo físico imensamente fértil do universo e, embora muitas perguntas importantes permaneçam sem resposta (como sempre acontece na ciência básica), ele foi confirmado por dados de observação. Cientistas como Einstein, Eddington e Hoyle manipularam suas conclusões para resistir a uma teoria científica que derivava naturalmente dos dados, porque pensavam que seriam obrigados a aceitar desagradáveis conclusões filosóficas ou teológicas. Não foram. Eles tinham outras opiniões.

O sucesso do modelo do Big Bang nada teve a ver com suas implicações religiosas. Parecia estar de acordo com o dogma judaico-cristão de um começo do universo, mas ia contra outras religiões que acreditavam que o universo era eterno. A teoria, no entanto, justificava-se com dados baseados em observação—a expansão do universo — e não pela invocação de textos sagrados ou experiências místicas de santos. O modelo procedia diretamente de dados de observação; não se prestava a um leito de Procusto de dogma religioso.

Cabe notar, no entanto, que o Big Bang, embora se harmonize com um ponto de vista religioso, não impõe essa crença. Ninguém precisa, por uma questão de lógica, chegar a qualquer dada conclusão sobrenatural baseado apenas em observações e teorias científicas. Esse fato é visto inicialmente nas tentativas de Einstein e Hoyle de construir modelos alternativos que se ajustariam aos dados de observação e evitariam o pensamento desagradável de que o universo teve um começo.

[...]

Dizer que o universo começou com um Big Bang é uma coisa, mas dizer que a vida foi planejada por uma inteligência é outra bem diferente. As palavras Big Bang em si lembram apenas imagens de uma explosão, e não necessariamente de uma pessoa. A expressão planejamento inteligente parece despertar mais atenção e logo provoca perguntas sobre quem poderia ter sido o planejador. Indivíduos com posições filosóficas firmes contra o sobrenatural serão colocados contra a parede por uma teoria? Não. A imaginação humana é poderosa demais” (p. 245-251).
______
Fonte:
Michael Behe. “A Caixa Preta de Darwin”. Tradução: Ruy Jungmann. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 1996.

P.S.:
Eis aí algumas da mais importantes razões porque em vez de rolhas de champanha esbocar em laboratórios em todo o mundo, ter havido um silêncio curioso e constrangido envolvendo à complexidade pura da célua.

É isso!

Relojoeiros: o de Paley e o de Dawkins

O Relojoeiro de Paley:
"Ao atravessar uma mata, suponha que tropeço numa pedra e me perguntam como foi ela ali parar. Poderia talvez responder que, tanto quanto me é dado a saber, a pedra sempre ali esteve; e talvez não fosse muito fácil mostrar o absurdo desta resposta. Mas suponha que eu tinha encontrado um relógio no chão e procurava saber como podia ele estar naquele lugar. Muito dificilmente me poderia ocorrer a resposta que tinha dado antes ― que, tanto quanto me era dado saber, o relógio poderia sempre ali ter estado. Contudo, por que razão esta resposta, que serviu para a pedra, não serve para o relógio? Por que razão não é esta resposta tão admissível no segundo caso como no primeiro?

Por esta razão e por nenhuma outra: a saber, quando inspecionamos o relógio, vemos (o que não poderia acontecer no caso da pedra) que as suas diversas partes estão forjadas e associadas com um propósito; por exemplo, vemos que as suas diversas partes estão fabricadas e ajustadas de modo a produzir movimento e que esse movimento está regulado de modo a assinalar a hora do dia; e vemos que se as suas diversas partes tivessem uma forma diferente da que têm, se tivessem um tamanho diferente do que têm ou tivessem sido colocadas de forma diferente daquela em que estão colocadas ou se estivessem colocadas segundo uma outra ordem qualquer, a máquina não produziria nenhum movimento ou não produziria nenhum movimento que servisse para o que este serve.

[…]

Tendo este mecanismo sido observado […], pensamos que a inferência é inevitável: o relógio teve de ter um criador; teve de existir num tempo e num ou noutro espaço, um artífice ou artífices que o fabricaram para o propósito que vemos ter agora e que compreenderam a sua construção e projetaram o seu uso.

[…]

Pois todo o sinal de invenção, toda a manifestação de desígnio, que existia no relógio, existe nas obras da natureza, com a diferença de que na natureza são mais, maiores e num grau tal que excede toda a computação. Quero dizer que os artefatos da natureza ultrapassam os artefatos da arte em complexidade, em sutileza e em curiosidade do mecanismo; e, se possível, ainda vão mais além deles em número e variedade; e, no entanto, num grande número de casos não são menos claramente mecânicos, não são menos claramente artefatos, não são menos claramente adequados ao seu fim ou menos claramente adaptados à sua função do que as produções mais perfeitas do engenho humano" (William Paley, Natural Theology, 1802, Cap. 1, 3 e 27).


O relojoeiro de Dawkins:
“Paley apresenta seu convincente ponto de vista com belas e reverentes descrições da maquinaria dissecada da vida, começando com o olho humano... O argumento de Paley é exposto com apaixonante sinceridade e baseado na melhor erudição biológica de sua época, mas é errado, gloriosa e totalmente errado. [...] Se podemos dizer [que a seleção natural] representa o papel do relojoeiro na natureza, é o do relojoeiro cego... Uma coisa que não farei é depreciar a maravilha dos "relógios" vivos que tanto inspiraram Paley. Muito ao contrário, tentarei passar minha certeza de que, neste particular, Paley poderia ter ido ainda mais longe” (Dawkins, R. (1985), The Blind Watchmaker, W.W. Norton, Londres, p.5).

Os textos acima constam no livro "A Caixa Preta de Darwin", com os quais Michael Behe, em “A Caixa Preta de Darwin”, discorre sobre a idéia de um relojoeiro e de sua obra, o relógio. Complementa ele:

“Os sentimentos de Dawkins em relação a Paley são os de um conquistador em relação a um inimigo valoroso, mas derrotado. Magnânimo na vitória, o cientista de Oxford pode se dar ao luxo de render homenagem ao clérigo que compartilhava de seu próprio encanto com a complexidade da natureza. Certamente Dawkins tem razão em considerar Paley derrotado: poucos filósofos ou cientistas a ele se referem, mesmo de passagem. Os que o fazem, como Dawkins, agem assim apenas para ignorar, e não para discutir seu argumento. Paley foi enterrado juntamente com a astronomia centralizada na Terra e a teoria do flogístico — outro derrotado na luta da ciência para explicar o mundo.

Mas exatamente em que ponto, poderíamos perguntar, Paley foi refutado? Quem rebateu seu argumento? De que maneira foi produzido o relógio, sem um planejador inteligente? É surpreendente, mas verdadeiro, que o principal argumento do desacreditado Paley nunca foi refutado de fato. Nem Darwin nem Dawkins, nem a ciência nem a filosofia explicaram como um sistema irredutivelmente complexo como um relógio poderia ser produzido sem um planejador.

Em vez disso, o argumento de Paley foi desviado do alvo por ataques a seus exemplos mal escolhidos e por discussões teológicas despropositadas. Paley, é claro, merece censura por não ter ordenado seu ponto de vista com maior precisão. Mas muitos de seus detratores também são censuráveis por se recusarem a discutir seu argumento principal, bancando os bobos para chegar a uma conclusão que lhes fosse mais aceitável” (p. 214).

Certa ocasião, quando discitia o assunto, um darwinista fez uso da seguinte argumento:

"Como disse antes, o argumento de Paley não precisa ser refutado... Alguma evidência que corrobore com este argumento?"

Será que o argumento de Paley não precisa mesmo ser refutado?

De fato, muitos dos argumentos empregados por Paley em “Teologia Natural” não precisam de uma refutação, já que padecem de mediocridade. Como, por exemplo, naquilo que ele denomina de “compensação”:

”O pescoço curto e rígido do elefante é compensado pelo comprimento e flexibilidade de sua tromba...
O tipo dos grous deve viver e procurar seu alimento entre as águas, mas, como não é palmípede, é incapaz de nadar. A fim de compensar essa deficiência, essas aves são dotadas de longas pernas para andar na água ou longos bicos para tentear, ou ambas as coisas. Isso é compensação”.

Como prossegue Behe:

“Um raciocínio desse tipo pode constituir uma rica fonte de material para piadas (ele é alto para contrabalançar o fato de ser tão feio; ela é rica para compensar ser tão burra e assim por diante), mas faz muito pouco para demonstrar o planejamento. Para sermos caridosos, Paley pode ter pensado que seus fortes exemplos tornavam o planejamento inevitável e usou os exemplos mais fracos como cobertura do bolo. Ele, com todaprobabilidade, não previu que seus futuros adversários refutariam seu argumento atacando a cobertura”.

Todavia, no que concerne ao exemplo do relógio, trata-se de um argumento muito bem fundamentado, afinal, ninguém que encontrasse um relógio acreditaria de sã consciência que ele não tenha sido planejado. E, sobre este argumento em especial, conclui Behe:

“Em todo o livro, Paley se afasta do aspecto do relógio — um sistema de componentes interatuantes — que o levou, para começar, a selecioná-lo. Como frequentemente acontece com todos nós, seu argumento teria sido muito melhorado se ele tivesse falado menos.

Por causa dessa imprudência, o argumento de Paley tem sido transformado, ao longo desses anos, em um testa-de-ferro a ser derrubado. Em vez de enfrentar a complexidade real de um sistema (como a retina ou um relógio), alguns defensores do darwinismo se satisfazem contando uma história para explicar aspectos periféricos. Fazendo uma analogia, uma "explicação" darwiniana de um relógio com tampa começaria supondo-se que uma fábrica já estava fabricando relógios sem tampa! E, em seguida, a explicação continuaria, com vistas a mostrar que aperfeiçoamento uma tampa seria.

Pobre Paley. Seus adversários modernos sentem-se justificados em supor pontos de partida imensamente complexos (como um relógio ou uma retina), se pensam que podem explicar um melhoramento simples (tal como a tampa do relógio ou a curvatura do olho). Nenhum outro argumento é apresentado, nenhuma explicação é dada da complexidade real, da complexidade irredutível. E afirmam que a refutação dos exageros de Paley é uma refutação de seu principal argumento, mesmo aqueles que sabem que não é bem assim.

Paley expressa tão bem o argumento do planejamento que desperta o respeito até de evolucionistas ferrenhos. Richard Dawkins tirou o título de seu livro, O relojoeiro cego, da analogia do relógio traçada por Paley, mas alega que a evolução, e não um agente inteligente, representa o papel do relojoeiro” (p. 214).

Repetindo a última afirmação de Dawkins: ”alega que a evolução, e não um agente inteligente, representa o papel do relojoeiro.”

Em outras palavras, Dawkins acredita (ou crer) que, para a origem do mundo vivo, a seleção natural foi uma alternativa a um agente inteligente. Todavia, a crença de Dawkins baseia-se fundamentalmente na sua vontade de querer "mandar Deus embora".

É isso!